sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Tite e o resgate da confiança brasileira


O torcedor brasileiro está se recuperando de um período nebuloso em sua seleção. Uma sequência de tragédias estava abalando toda a história da seleção canarinho. A começar pelo icônico 7 a 1 da Alemanha, na Copa do Mundo, em pleno Mineirão. Mas a segunda passagem de Dunga foi ainda pior. Além do risco de ficar de fora da Copa do Mundo de 2018, na Rússia, e estar jogando um futebol pífio, a seleção foi eliminada ainda na primeira fase da Copa América, algo que não acontecia desde 1987, ocasionando a demissão de seu comandante, abrindo espaço para quem é apontado como possível salvador da seleção brasileira: Tite.



Desde o anúncio de Tite como novo técnico da seleção brasileira, porém, a confiança da torcida canarinho passou a mudar. O gaúcho era apontado desde 2013 como um dos melhores técnicos do Brasil, posteriormente colocado como o melhor, após os títulos da Libertadores, do Mundial e do Campeonato Brasileiro, todos com o Corinthians. Tite sempre foi elogiado por sua habilidade na montagem de elencos, revelando muitos jogadores na equipe alvinegra. A má fase da seleção brasileiro e a evolução do técnico corinthiano faziam com que a torcida brasileira pedisse o treinador como comandante da seleção.
Tite com a taça do título Mundial, pelo Corinthians

Sua primeira convocação gerou certas críticas da torcida, principalmente sobre a convocação de jogadores que não atuam nos grandes centros, como Paulinho (Guangzhou Evergrande-CHI) e Taison (Schaktar Donetsk-UCR). Mas o futebol apresentado acabou com as críticas e deu início a uma nova era na seleção brasileira. Talvez não uma "nova" era, mas a um resgate de algo que era mais do que normal no passado: a confiança e a força do Brasil, ganhando o respeito dos adversários. Logo nos dois primeiros jogos (vitória contra o Equador por 2 a 0 fora de casa e vitória contra a Colômbia por 2 a 1 em casa) o futebol apresentado era outro. Apesar do esquema permanecer semelhante, já que Tite adaptou o 4-1-4-1 utilizado no Corinthians e Dunga vinha usando um esquema semelhante, o toque de bola e o fim da "Neymardependência" mostraram que a seleção realmente está mudando.
Primeiro treino comandado por Tite, para o jogo entre Equador e Brasil
Tite impôs uma forma de jogar que que se assemelha ao Real Madrid, utilizando um primeiro volante quase como um terceiro zagueiro, ficando a frente da primeira linha defensiva, com o próprio Casemiro encaixando perfeitamente na equipe. Além disso, dar a oportunidade merecida ao meia Philippe Coutinho deu ao Brasil a qualidade de passe necessário para funcionar, algo que Neymar convive no Barcelona mas não havia na seleção. Para melhorar ainda mais, o meia Renato Augusto surpreendeu a todos com um futebol de primeira, mesmo atuando na China, o que deu ainda mais consistência ao meio campo brasileiro. Paulinho, da mesma forma, encaixou na seleção, ainda que tenha sido chamado como "jogador de confiança" do treinador, mas agregando à equipe de forma fundamental.
Jogadores comemoram gol na vitória por 5 a 0 sobre a Bolívia

Pela primeira vez em mais de dez anos, o Brasil tem uma linha de meio campistas de qualidade e que funciona. Não tem nomes badalados como no passado, quando chegou a ter Kaká, Ronaldinho e Zé Roberto, todos já consagrados, atuando juntos. Um dos pontos mais importantes para o bom funcionamento da equipe é arriscar com Gabriel Jesus no ataque, o que deu extremamente certo, com o jovem mantendo média de um gol por jogo na seleção. A linha defensiva dá ainda mais credibilidade à equipe. Um dos melhores, se não o melhor, lateral esquerdo do mundo (Marcelo); uma dupla de zaga que tem um dos melhores zagueiros jovens do mundo e um que é tido como um dos melhores do mundo, convivendo com o interesse das maiores equipes da Europa (Marquinhos e Miranda); e um lateral direito que, apesar da idade, impões reseito por já ter conquistado todos os títulos possíveis pelo Barcelona e é titular absoluto do maior clube da Itália atualmente (Daniel Alves). A única posição que traz dúvidas ao torcedor é no gol, pelo fato do goleiro Alisson ser apenas reserva da Roma-ITA e ainda estar buscando sua afirmação pela seleção. Mas é um fato que a criatividade voltar a ser constância nos jogos da seleção, que o torcedor acredita em seu treinador e que os jogadores tem potência para reerguer a seleção pentacampeã mundial.

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