quarta-feira, 16 de novembro de 2016

O péssimo momento coletivo da seleção argentina


Já faz muito tempo que, sem todas as convocações da seleção argentina, muito se fala sobre expectativas em cima dos mesmos nomes. Apesar disso, tais jogadores não renderam o esperado nos últimos anos e a seleção albiceleste vive uma seca de 23 anos sem título, sendo que sua conquista mais "recente" foi a Copa América de 1993. Mas são muitos os motivos para esse péssimo e longo momento dos nossos vizinhos.


Argentina pouco assustou a seleção brasileira no maior clássico das Américas
Um dos principais pontos recentes é a crise passada pela AFA (Asociación del Fútbol Argentino), desde questões financeiras até polêmicas que envolvem seu atual presidente, Julio Grondona, e o envolvimento do atual presidente da Argentina, Mauricio Macri, em decisões da federação de futebol, algo que não é permitido pela FIFA e quase excluiu a albiceleste da Copa América Centenário, disputada em junho deste ano. Os problemas financeiros citados ficam evidentes quando o ex-técnico da seleção Gerardo Martino declarou, em maio deste ano, ao diário Olé, que estava há sete meses sem receber.
Gerardo Martino foi o último comandante da Argentina, antes do ex-São Paulino Edgardo Bauza

Além de toda a questão financeira, a transição de técnicos, com a chegada do "Patón" Bauza, gerou uma mudança drástica na filosofia de jogo da seleção. "Tata" Martino era um treinador que tinha um jogo mais leve, que prezava pelo lado ofensivo, muitas vezes criticado por manter sua linha defensiva muito exposta. Bauza, por outro lado, é aquele tipo de treinador que, como dizem os mais antigos, "fecham a casinha". Linhas defensivas muito sólidas e uma linha de meio-campistas com forte obrigação de marcação, muitas vezes desperdiçando certos talentos. Sabemos que, em toda a sua história, a Argentina sempre teve defesas sólidas, mas nunca presas. Os laterais do técnico argentino raramente apoiam o ataque, sendo quase terceiro e quarto zagueiros, respectivamente. Os próprios meias Lucas Biglia e Ever Banega, principais destaques de Lazio e Inter de Milão respectivamente, tem seu talento desperdiçado na formação atual da seleção albiceleste, ambos tendo bom chute e qualidade de passe mas se restringindo a defender, apoiando o ataque em raras oportunidades.
Ever Banega e Lucas Biglia, ambos destaques em seus clubes no futebol italiano
A linha ofensiva ainda vem se mostrando uma incógnita. Angel Di Maria teve uma queda em seu futebol desde que deixou o Real Madrid, na metade de 2014, e vem dependendo de esporádicas boas apresentações para manter a titularidade na seleção e até mesmo conquistar os torcedores do PSG. Higuain e Messi são os únicos que mantém certa regularidade, com a seleção sendo, de forma imprudente, dependente do talento individual do craque do barcelona e dos gols do artilheiro da Juventus. Além disso, o atacante Aguero, que em diversas oportunidades vem ficando no banco do Manchester City, não consegue demonstrar seu futebol, se restringindo também ao banco da albiceleste.
Argentina é fortemente dependente de Gonzalo Higuain e Lionel Messi
Mas o principal ponto é a linha defensiva da Argentina, incluindo seu goleiro. Otamendi vem mantendo a titularidade no Manchester City, sendo o único a não ser questionado pela torcida argentina. Ramiro Funes Mori, cria das canteiras do River Plate, está no Everton-ING desde 2015 mas nunca foi uma unanimidade para a imprensa inglesa, mesmo sendo titular da equipe. O lateral esquerdo Emmanuel Mas, do San Lorenzo, é uma incógnita. O jogador vem de boas temporadas na equipe argentina, mas não demonstra tanto talento para a titularidade de uma seleção campeã mundial, inclusive demonstrando fragilidade na derrota para o Brasil, no último dia 10 de novembro. A lateral direita vem alternando entre Pablo Zabaleta, desde 2008 no Manchester City mas que nunca foi unânimidade entre os torcedores, e Gabriel Mercado, campeão da Libertadores pelo River Plate e recém chegado ao Sevilla, que é o símbolo da garra argentina mas sofre na parte técnica. Para piorar, o goleiro Sergio Romero, reserva do Manchester United, não vem fazendo boas partidas, sofrendo, principalmente, com a falta de sequência em seu clube, o que é justificado por ele não possuir tanta qualidade e estar na mesma equipe de David De Gea. 
Nicolás Otamendi é, atualmente, a única unanimidade da defesa argentina
Por todos esses motivos, a Argentina tem grandes nomes individualmente, mas não possui um bom coletivo, além de uma grande preocupação na defesa. 

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