segunda-feira, 19 de setembro de 2016

O triste destino da Lusa

Jogo entre Tombense-MG e Portuguesa pela Série C
Hoje, podemos afirmar que os quatro grandes de São Paulo são mais bem definidos do que nunca. Com a adição da Ponte Preta, o grupo de Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo são os clubes do estado que estão presentes na primeira divisão do Campeonato Brasileiro e demonstram regularidade em tal permanência, além de disputar títulos. Outrora, porém, o estado de São Paulo abrigava diversas outras equipes chamadas tradicionais. Equipes que tinham seu respeito, tinham uma história, mesmo que para alguns ainda fosse recente. Mas o chamado "futebol moderno" é cruel com os pequenos. Clubes como o São Caetano, vice-campeão da Taça Libertadores da América em 2002, ou o Santo André, campeão da Copa do Brasil em 2004, sequer disputam o Campeonato Brasileiro e amargam dividas e rebaixamentos no campeonato estadual.



São Caetano, vice-campeão da Libertadores em 2002

Esse roteiro melancólico chega a outra equipe: a Associação Portuguesa de Desportos, ou apenas Lusa. O clube, fundado em 1920, vive a pior crise de sua história. E que história...
A Portuguesa, além de ser tricampeã paulista (1935, 1936 e 1973), foi vice-campeã do Campeonato Brasileiro de 1996. 
Há apenas 20, o clube terminava o ano como a segunda melhor equipe do Brasil. A Lusa já teve grandes craques em seu elenco, como Djalma Santos, Leivinha e Roberto Dinamite. Já foi treinada por Zagallo. Foi o clube que formou Dener, que com certeza seria um dos grandes craques da história do Brasil, se não fosse sua morte prematura.
Portuguesa vice-campeã do Campeonato Brasileiro de 1996      |      O craque Dener com a camisa da Lusa

Em seu passado recente, apenas 5 anos atrás, a equipe ganhou o apelido de Barcelusa, quando foi campeã da Série B em 2011. Jogando um futebol baseado no toque de bola (por isso comparada à equipe catalã), o time comandado por Jorginho chegou à marca de 21 jogos invictos. Esse, porém, fora o último ano de brilho para a Portuguesa. De lá para cá, a equipe paulistana acumula más gestões e rebaixamentos. Os anos seguintes foram de seguidas quedas no campeonato nacional e estagnação na segunda divisão do estadual.
O último capítulo na sequência de frustrações ocorreu neste domingo, 19 de setembro de 2016. Data que ficará marcada de maneira negativa para sempre nos corações dos torcedores da Lusa. Além da equipe estar afogada em dívidas e perto de perder seu estádio, a derrota por 2 a 0 para a Tombense-MG decretou o seu rebaixamento para a Série D do Campeonato Brasileiro.Divisão essa que a equipe tem a "obrigação" de alcançar o acesso no próximo ano. Isso porque a equipe disputará a segunda divisão do paulista, o que não garante vaga ao campeonato nacional, ou seja, caso não suba para a Série C em 2017, a equipe sequer disputará o Campeonato Brasileiro em 2018.
Atacante Bruno Mineiro, integrante do elenco da Portuguesa em 2016

Os mais pessimistas dizem que a equipe pode estar a beira de sua extinção. Mas não são apenas as más gestões que vem colocando a equipe nesta situação. A falta de um calendário para o ano todo vem fazendo com que equipes de tradição venham sumindo. São Caetano, Santo André e Juventus são algumas das equipes que chegaram próximas de seu fim. Tais equipes disputam apenas o Campeonato Paulista, que tem seu fim em meados de maio, tendo o resto do ano livre de competições, de jogo e, consequentemente, de qualquer renda.
Não há tristeza recente maior do que ver o que pode ser a estrada para o fim de uma das equipes mais tradicionais do futebol paulista, ou mesmo brasileiro.

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